sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Na mão de Deus



Na mão de Deus, na sua mão direita,
Descansou afinal meu coração.
Do palácio encantado da ilusão
Desci a passo e passo a escada estreita.

Com as flores mortais, com que se enfeita
A ignorância infantil, despojo vão,
Depus do ideal da paixão
A forma transitória e imperfeita.

Como criança, em lômbrega jornada,
Que a mãe leva ao colo agasalhada
E atravessa, sorrindo vagamente,

Selvas, mares, areias do deserto...
Dorme o teu sono, coração liberto,
Dorme na mão de Deus eternamente.

Por Antero de Quental (1842-1891)

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